Charliane Sousa quer mudar conceitos com voz feminina na Câmara de Itabuna


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Por Celina Santos

Ela fez uma campanha criativa, cheia de cores e motivos lúdicos; chamou os amigos para formar uma verdadeira corrente; buscou atrair o apoio feminino e chegou ao seu objetivo. A contadora Charliane Sousa, de 40 anos, é a única mulher a ocupar vaga na Câmara de Itabuna a partir de 2017.

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Primeiro, agiu como boa profissional da área contábil – tem 20 anos de experiência –, para alcançar os 827 votos que lhe credenciaram a chegar ao Legislativo, pelo PTB. “Dentre os nove partidos da coligação, vi como bons adversários Ruy [Machado] e Gegéu [Filho]. Fiz uma análise da votação anterior, pra superar. Mas não desmerecendo o trabalho deles, porque todos foram capazes”, revela, mostrando que já chegou com audácia.

Mesmo de forma serena, a nova vereadora lembra que enfrentou certo preconceito ao entrar numa seara predominantemente masculina. “Em todo o processo, nunca fui acreditada por nenhum dos políticos. Por ser a primeira vez e por ser mulher”, frisa.

Mas, uma vez eleita, ela quer deixar o gabinete à disposição das causas femininas, assim como zelar pelos interesses da cidade como um todo. “Eu me sinto na responsabilidade de mudar o conceito da política”, sentencia.

Mãe, esposa e profissional

A exemplo de grande parte das mulheres, Charliane divide-se entre os papéis de esposa, mãe (de uma filha de 23 anos) e profissional. No escritório que mantém há anos, tem clientes de várias cidades da Bahia, inclusive Salvador.

Com o passar do tempo, trocou a rasteirinha e o tênis pelo salto agulha (a cada par de sapatos comprado, um é doado) e não abre mão da maquiagem. “Eu nunca fui vaidosa; eu me tornei”, compara. A atividade física, necessária a todos, ela une a um prazer: pedalar durante duas horas, duas vezes por semana.

“Faço parte do grupo Pedal Pé de Cana, vamos até a Uesc, pela manhã. Eu me sinto livre de verdade quando estou pedalando”, descreve a moça, que também tem cinco tatuagens no corpo. A flor de lótus sobre o ombro ela faz questão de exibir.

Instada a se definir como mulher, Charlie – apelido carinhoso que os amigos lhe deram – disse, emocionada: “Tudo na minha vida foram conquistas; nada me foi dado. Então, estou muito orgulhosa de estar onde estou”.