Itabuna na Globo


A próxima novela das nove, Velho Chico, terá um olhar especial dos espectadores do sul da Bahia. Simples assim: Carlos Betão e Alba Cristina, itabunenses, vão estar na telinha da Globo. Alba será uma freira, professora de um convento. Betão será Aracaçú, pai de Leonor, que se envolve com Afrânio, personagem de Rodrigo Santoro.

Que legal! Carlos Betão, ex-operador de áudio da Rádio Jornal de Itabuna, junto e misturado com Santoro, ator reconhecido internacionalmente, com filmes em Hollywood. Mas não foi por acaso que ele chegou aonde chegou. Sua carreira de ator foi construída com muita perseverança e esforço.

Certo dia, jogando conversa fora com colegas, depois de filar aula no Colégio Estadual para participar de um curso de teatro com Aldo Bastos, no auditório do Colégio Ação Fraternal, Carlos Alberto, hoje simplesmente Carlos Betão, confidenciou um desejo: ser ator da Globo. E olha aí o sonho concretizado! Ele correu atrás. Isso é perseverança.

Levado para Salvador, nos anos 90, pelos atores Jurema Penna e Mário Gusmão, que aqui descobriram o seu talento, o nosso Carlos Betão procurou se aprimorar a cada dia. Não se acomodou. Buscou unir a prática do palco com a teoria da Universidade Federal da Bahia, onde estudou Artes. Isso é esforço.

E ele, que já era bom, ficou ainda melhor, correspondendo a expectativa de gente como Jussara Setenta, diretora do Centro de Cultura Adonias Filho, na época. “Mulher maravilhosa que também me ajudou muito”, lembra.

Esta não é a primeira vez que Carlos Betão, cunhado de um irmão do radialista Cacá Ferreira, da Difusora, é chamado para compor um elenco da Globo. Além da minissérie Gabriela, ele teve participação em Alexandre e Outros Heróis, especial exibido pela emissora em 2014.

O cara jogou duro nesse especial; teve bom desempenho e ficou bem na fita do diretor Luiz Fernando Carvalho, que não se esqueceu dele na hora de procurar um ator para ser Aracaçú, personagem muito importante na primeira fase de o Velho Chico. O encaixe foi perfeito. Carlos Betão ganhou o papel. “Itabuna me deu régua e compasso”, reconheceu o ator.

Quanto a Alba Cristina, sua participação é um pouco menor na trama de Benedito Ruy Barbosa. Mas não menos gratificante para uma profissional que sempre teve a sua vida norteada pela arte de representar e pelo gosto de cultivar a sua religiosidade no Ilê Axé Ijexá, terreiro de origem nagô fundado em Itabuna pelo professor Ruy Póvoas. “Viajo muito Brasil afora para dar aulas de teatro e divulgar nossa cultura afro-brasileira”, informou a atriz.

Alba Cristina, a exemplo de Carlos Betão, também fez teatro em Salvador. E lá, logo no começo de tudo, os dois viraram marido e mulher. Desta relação, nasceu Iajima, filha única do então casal. Vida que segue: Carlos Betão, em novo e atual relacionamento, deu um irmãozinho a Iajima: Ícaro Vila Nova, que trilha os caminhos do pai no mundo da arte. É cineasta.

Voltando à novela, a trama começa com mortes, duelos, confrontos familiares e o despertar de romances proibidos. Haja emoção! Velho Chico, que estreia agora em março, será desenvolvida na fictícia Grotas de São Francisco, no Nordeste brasileiro. É onde tudo começa, no final da década de 1960.

Por Valdenor Ferreira