O que a advogada Jurema Cintra faria se fosse prefeita de Itabuna


 

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Por Celina Santos

Tem um gosto especial para um veículo de comunicação colher ideias junto ao seu público – e, obviamente, poder compartilhar o conteúdo com os demais leitores. A revista Bellas repercute aqui o resultado da primeira entrevista do quadro “Eu na Prefeitura”, publicado no Diário Bahia. No espaço, o cidadão responde “o que faria se fosse prefeito(a) de Itabuna”. Com a palavra, a advogada Jurema Cintra, militante de Direitos Humanos e assessora jurídica de ONGs.

“Se eu fosse prefeita, faria ações para resgatar a autoestima dos itabunenses, precisamos ter projetos de Estado, e não de governo; cada prefeito/a que entra desfaz tudo que o outro fez e isso não permite uma continuidade de projetos essenciais à comunidade. Entramos no prédio da Prefeitura e tudo é feio, até sujo, as praças estão sujas, as escolas estão sujas, olhar para a cidade e vê-la assim, sangra nossa alma (…)”, desabafa.

Mobilidade Urbana (FOTO DE CICLOVIA)

Este tema é meu xodó. É nas vias da cidade que vivemos e compartilhamos obrigatoriamente os espaços públicos; precisamos olhar o outro, respeitar o trânsito. As praças de Itabuna estão feias e abandonadas, é preciso recuperá-las e resgatar o gosto pelo uso do espaço público com sua ocupação racional, passeio de domingo tem de ser nas ruas e não apenas no shopping (espaço privado).

Formaria um grande corredor ciclístico na cidade, interligando com segurança a ciclovia do São Caetano às ciclofaixas já existentes do centro, além de criar a ciclovia da Avenida Juracy Magalhães, Avenida Amélia Amado, da Avenida J.S. Pinheiro e Avenida Kennedy.

A saída de Itabuna até os atacadistas deve ter ciclovia também, a construção de tantos condomínios pela rodovia e no semianel viário exige que este transporte seja valorizado, além de fomentar a prática do esporte de forma segura. É comum vermos ciclistas no acostamento, com risco de acidentes. Um convênio com o DNIT e a Prefeitura de Ilhéus poderia gerar um projeto conjunto da Ciclovia Grapiúna, que interligaria Ilhéus a Itabuna, passando por Ceplac, UESC e Salobrinho.

Itabuna poderia ser referência para o país. Nenhum bairro novo, condomínio, rua principal ou avenida poderia ser aberta sem ter obrigatoriamente a ciclovia no projeto e na execução. A bike é o transporte do presente e do futuro. Ao mesmo tempo, estes corredores ciclísticos seriam arborizados com árvores da Mata Atlântica e frutíferas, garantindo sombra ao ciclista e aumentando nossa qualidade de vida. A distância entre a maioria dos bairros e o centro da cidade é pequena, mas as pessoas têm medo de usar a bicicleta por insegurança.

Também iria propor a Lei da Calçada, é preciso padronizar todas as calçadas da cidade, as que já existem devem ser corrigidas garantindo a acessibilidade de pessoas com deficiências e as novas só poderiam ser construídas no padrão adequado. O Trânsito em Itabuna é uma loucura, parece de guerra, precisamos investir pesado em conscientização, educação para o trânsito e sinalização permanente; mobilidade tem muito a ver com organização do trânsito e alternativas para tirar o carro da rua.

Ar condicionado em todos os ônibus e micro-ônibus em bairros como Góes Calmon e Castália poderia atrair o público de classe média a deixar o carro em casa, além do GPS nos ônibus, pois uma das queixas mais frequentes dos usuários é o atraso, a espera pela linha. Hoje, com os aplicativos de celular facilitando estas interações, isto fica cada vez mais fácil de se tornar real, um mapa que veríamos o deslocamento de cada ônibus e linha e quanto tempo falta para ele chegar no ponto de ônibus.

Não existem mais condições físicas e estruturais da Rodoviária permanecer onde está, o local é um desrespeito às pessoas com deficiência, é sujo, insalubre e causa o maior problema no trânsito dos arredores e entorno, é preciso deslocá-la para outra área maior, que garanta a entrada e saída racional dos ônibus, que são veículos de grande porte. O prédio da atual rodoviária deveria ser anexado ao Centro Comercial em uma grande reforma de revitalização de todas as duas estruturas, garantindo dignidade aos feirantes que lá se encontram, com ampliação de estacionamento e criação do setor de alimentos da agricultura familiar, agroecológicos e orgânicos. Fomentaríamos a formalização e capacitação junto com SEBRAE, CAR, e demais órgãos de apoio e fomento.

As Feiras Livres são nossas riquezas, desde os heróicos feirantes, trabalhadores e agricultores, além de nossos produtos e iguarias regionais, mas no dia de feira, cada bairro se transforma num transtorno imenso.

Educação

A valorização do professor é a peça-chave, é ele que conduz o educando, é ele que cria, que potencializa os saberes. Fomentar cursos de pós-graduação, plano de cargos e salários eficiente e fazer captação de recursos em diversos órgãos em temas transversais; se tem recurso no Ministério da Agricultura sobre Educação Ambiental, precisamos acessar. Para isso a equipe de projetos tem de ser permanente, qualificada e de servidores efetivos.

Temos de transformar cada escola naquela de nossos sonhos, é projetando e idealizando o melhor que alcançamos a excelência tão almejada. Eu penso uma escola eco-suficiente, com captação de energia solar, captação de água da chuva, horta escolar comunitária para produção de alimentação orgânica, coleta seletiva de lixo,  menos cimento nos pátios, mais flores e frutos, bibliotecas modernas e com conectividade, laboratórios equipados, um local onde os alunos amem ficar, onde os alunos possam sonhar com suas profissões, onde possam criar e onde o professor receba adequadamente por isso com incentivos adicionais de produtividade e premiações.

Saúde

Requalificaria a Policlínica, criaria um Sistema Informatizado de Marcação de Consultas e Exames, a pessoa iria ligar para um telefone 0800 e fazer a regulação sem necessidade de pegar filas. Faria uma grande auditoria dos estabelecimentos de saúde em suas finanças e diminuiria consideravelmente cargos comissionados, é preciso ter servidores permanentes e qualificados em setores estratégicos. Qualificaria os servidores efetivos em gestão de saúde, valorizando o capital humano do município, cada vez mais com tecnologia em sistemas de pagamento, cruzamento de dados, licitações e pregões eletrônicos, impedimos que a corrupção possa chegar perto do serviço público; é preciso banir este mal com eficiência.

Devemos promover ações de saúde, mas no Brasil valorizamos a cura de doenças, temos de evitar que as pessoas adoeçam. A corregedoria de saúde precisa ter autonomia e equipe preparada para fiscalizar desvios, punir culpados e preservar o patrimônio público. Uma cidade limpa, arborizada, florida, fácil de se deslocar, cheia de ciclistas, uma escola que possibilite sonhar e um serviço de saúde eficiente, será que estamos pedindo demais?