Se o sono está fragmentado, tem sonolência diurna, pouca energia, irritabilidade e/ou demora mais de 30 minutos para começar a dormir, e esses fatores se repetem pelo menos três vezes por semana durante três meses, é a insônia se manifestando como um transtorno.
Caracterizada pela dificuldade de iniciar o sono, de mantê-lo durante a noite ou pelo despertar precoce, a insônia afeta grande parte da população e pode acarretar problemas mais graves. Segundo a neurologista e coordenadora do Departamento Científico do Sono da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Andrea Bacelar, muitas vezes, quando combinado com outro transtorno ou doença, como dores crônicas, nas artrites ou artrose, e transtorno de humor ou ansiedade, passa a ser chamada insônia comórbida, ou seja, insônia e outra situação acontecendo simultaneamente, uma piorando a outra. Comumente relacionada com a depressão, é de suma importância que não somente o humor, mas também o sono, sejam tratados para evitar complicações.
“Para que o tratamento seja eficaz, é essencial individualizar as queixas fazendo uma anamnese abrangente para definir outras possíveis situações agregadas à insônia”, indica a especialista.
O transtorno é mais comum em mulheres por influências genéticas, hormonais, culturais e cotidianas, como quando é submetida ao exercício de multitarefas, o que a sobrecarrega física e emocionalmente e dificulta o relaxamento para uma boa noite de sono. Muitas vezes, durante a gravidez, a dificuldade para adormecer também aparece, embora, nesse caso, seja transitório, decorrente de mudanças hormonais e do desconforto gerado durante o período gestacional.
Há diversas opções de tratamento para os que sofrem com o transtorno da insônia. As recomendações médicas vão desde terapias não farmacológicas atuando em hábitos e pensamentos inadequados que acabam perpetuando as manifestações da insônia até doses baixas de antidepressivos. “Os antidepressivos sedativos podem ser muito eficazes, funcionando como monoterapia, ou seja, um único remédio para resolver diversas questões, como, por exemplo, ansiedade, humor e até dificuldade para iniciar ou manter o sono”, avalia a especialista.
“Muitas vezes, o paciente se ajusta à insônia em vez de procurar ajuda. Tal escolha pode causar graves consequências, já que a insônia pode se tornar crônica e, uma vez que esse indivíduo adota meios inadequados para o tratamento, como álcool e tranquilizantes, sem recomendações médicas, pode acabar se tornando dependente do tratamento, e sem resolver o problema”, alerta Andrea Bacelar.
O tratamento não medicamentoso também é uma opção para quem sofre com o transtorno. Exercícios físicos, boa alimentação em horários habituais, evitar ingerir bebidas alcoólicas e com cafeína perto da hora de dormir, regularidade nos horários de se deitar e de se levantar e terapia cognitiva para insônia, cujo objetivo é eliminar crenças inadequadas sobre o sono, entre outros, possibilitam alívio e até resolução do problema. Pode-se, também, apostar em técnicas relaxantes, como ioga, acupuntura e meditações, que, embora não tenham comprovação científica, são grandes aliadas.
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