Por Mariana Benedito
Eu não sei você, meu amado leitor, mas eu tenho dois grandes aprendizados a desenvolver nesta jornada: errar e ter calma.
Entender que o erro não é só necessário, mas inevitável. Entender que errar significa estar vivendo, estar se jogando na vida, estar presente na experiência. Entender que errar é o que precede o acerto, é o que calibra o passo, é o que ajeita as velas do barco, é o que possibilita testar e ver como é que vai ser, sabe?
E aí, de mão dada com o eterno aprender a importância do erro, entra o ter calma. Tudo é processo. Tudo precisa de tempo para germinar, para crescer, para clarear.
Recentemente, eu passei por um turbilhão de emoções – quem não? – que me tomou por inteiro. Sombras e carências e inseguranças e dúvidas e gritos da minha criança interior ao mesmo tempo ecoando dentro da minha cabeça. E eu queria resolver tudo de uma vez, acabar logo com aquilo, deixar de sentir o que estava sentindo, arrancar com a mão aquele desconforto.
Claro que isso não é possível, meu amado! Precisei parar. Pausar. Respirar. Respeitar o processo.
A teoria de precisar sair do mental e partir para o sentir veio na prática. Sentir significa ficar com o incômodo, não tentar fugir dele. Sentir significa dar espaço para que o desconforto venha; é acolher sem criar resistência. Ter calma para abrir espaço. Ter calma e autocompaixão conosco. Ficar com a gente apesar de qualquer coisa. Ficar com a gente no desconforto e não mais querer arrancar do peito e do corpo o que está vindo à tona. E tudo isso é feito com calma. Um dia de cada vez.
Sempre há espaço para crescer. Existe uma lacuna entre o estado que a gente se encontra agora – lidando com a realidade verdadeira dos fatos e sem fantasiar – e onde queremos chegar. E é nesse espaço que a vida acontece. É nesse processo que a gente se desenvolve e constrói uma nova perspectiva.
Não podemos ser tão carrascos e duros com a gente, somos humanos. E ter dimensão dessa informação é maravilhoso! A imperfeição é normal e este espaço entre onde estamos agora e onde queremos chegar é justamente a oportunidade de aprendizado. No agora. Não só mirando no lugar a se chegar, mas caminhando. Indo.
Cair e levantar é o que nos possibilita expandir neste processo. E cair e levantar lembrando da importância do erro, do novo cair e levantar, porque nós cairemos e levantaremos inúmeras vezes ao longo desta vida. Abrir espaço para o sentir e deixar doer, latejar, chorar, apertar não significa que nunca mais sentiremos desconforto. Muito pelo contrário! O desconforto e falta existirão sempre. O que pode mudar é que a gente não mais se abandona, não mais tenta fugir, não mais mente para si mesmo, não mais se negligencia e passa por cima do que é. Pode parecer que passar por cima resolva, mas lamento informar, meu amado leitor, lá na frente a gente não aguenta mais carregar todos esses pesos e a bomba explode. Em proporções inimagináveis.
Presença e aceitação não é fácil, convenhamos. Vamos jogar limpo, sempre. Se fazer companhia enquanto o incômodo está rebuliçando por dentro é altamente desafiador. Mas só assim, um dia após o outro, permitindo que o tempo da chuva venha, o céu abre de novo trazendo mais clareza.
Sem pressa.
* Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e
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