Por Celina Santos
Nem nos mais belos sonhos a avó Nicinha poderia desenhar essa cena para aquele menino que ela criou no bairro São Pedro, em Itabuna: com apenas oito meses de carreira-solo, puxa trio para uma pipoca gigantesca no Carnaval de Salvador. Levando a multidão, ele entoa: “Alô, mãe!/ eu tô no clima…”. E convida: “vem com Pancadinha/ vem com Pancadinha”.
Isso mesmo, dona Roselice Santos Dias, mais conhecida como Nicinha. O garoto registrado Fabrício Dias Nunes da Silva hoje tem 28 anos e a música o batizou Fabrício Pancadinha. Tal qual no bairro de origem, ele faz questão de estar no meio da galera. E reconhece que esse tem sido um trunfo. “Quanto mais gente, eu adoro!”, conta.
O sucesso de Fabrício chegou avassalador como um tsunami. Coincidentemente, esse é o nome da banda da qual era vocalista desde 2010. Mas essa história começou bem antes. O então menino de nove anos, vibrando quando via Carlinhos Brown tocando percussão na TV, ganhou um espelho: queria seguir este caminho.
“Estourou, mô fio!”
Começou nas aulas de percussão aos 12 anos, com o professor Jair Menezes (hoje produtor de Léo Santana). “Ele me ensinou várias coisas”, lembra. Após dois meses, estava pronto para tocar em bandas. “Eu era um dos alunos mais aplicados, porque eu gostava muito. Tudo que eu faço é com amor. Acho que a pessoa já nasce com isso no sangue”, define.
O talento, somado à dedicação, levou o artista a tocar percussão e bateria nas bandas Sensação, Afro Gueto, Íris do Samba e Fusca Virado. Nesta última, onde ficou sete anos, foi percussionista e backing vocal. O vocalista, Júnior Kikiki, passou a deixá-lo assumir o show por cinco minutos, enquanto trocava de roupa, e ele tomou gosto por animar uma plateia.
Eis o tripé que fez o jovem grapiúna bombar: o timbre naturalmente rouco, a habilidade para agitar a multidão e o tal carisma (algo inexplicável, mas fundamental, principalmente no mundo artístico). Começou a carreira-solo mencionada no início do texto e segue misturando pagode, arrochadeira, sofrência, funk e até lambada. Agora, o primeiro CD da carreira-solo desse “general dos paredões”, traz o sugestivo nome “Vem com Tudo”.
Música fora do Brasil
“Pancadinha” recorda que em Salvador, no último dia de Carnaval, o trio dele seguiu estrelas como Harmonia do Samba, Léo Santana, Daniela Mercury e Psirico. “A gente estava no meio dos feras”, resume. Por falar nisso, a música “Alô, mãe” já foi abraçada pelo jogador Gabigol e tocou em rádios da Inglaterra. Resultado: em breve, o itabunense espera dar suas canjas na “terra da rainha”.
Quando perguntamos se ele está realizado com tudo que vem lhe acontecendo, o cantor confessa: “Posso dizer que sim. Só falta uma coisa: Passar no Faustão, um programa que vejo desde pequeno”. Por sinal, o contato para shows dele é (73) 99134-9082.
A mansão e os meninos
Sobre a forma de lidar com o dinheiro que o sucesso lhe trará – ou já está trazendo –, Fabrício brinca: “Tá dando pra comprar o leite da filhota”. Além disso, ele revela ajudar a família e alguns amigos. É o caso da avó, cuja casa no São Pedro ele ajudou a terminar de construir. Mas traz uma memória da infância, associada ao maior sonho dele.
“Quando eu era pequeno, morava no Santo Antônio, mas minha avó vinha direto no São Pedro, porque tinha família lá. A gente vinha na canela e eu falava: ‘Minha avó, vou comprar uma casa dessa pra a senhora ainda’. Meu sonho é esse aí. Também”, relata, referindo-se às mansões do bairro Góes Calmon.
O outro sonho, completa ele, é dar continuidade a ao projeto Irmãos Rocha no bairro São Pedro, junto com Wallace Reis, o Palhaço Linguiça. A ideia é oferecer aulas de percussão, violão, piano e teatro. O cantor está disposto a arcar com 75% dos custos e procura parceiros para a iniciativa. Por tudo isso, só resta reiterar – e aplaudir – o mantra da meninada: “Estourou, mô fio”!!!
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