Texto Celina Santos
Trabalhos assinados por alunos do curso de Comunicação Social da Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz) foram premiados na edição nacional de 2019 do Intercom – o maior evento da área no Brasil e um dos maiores da América Latina. Realizada no Pará, entre 02 e 08 de setembro, a Expocom (Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação), etapa voltada para o audiovisual, teve como vencedoras produções em curta-metragem, documentários e animação.
Foram laureados os estudantes Florisval Elias Santos Neto, Lumma Maynart, Érica Maria Santos da Silva e Dayanna Monstans de França, em trabalhos conjuntos cuja equipe será melhor relatada em seguida. À frente das conquistas, num reconhecimento ao que aprenderam com os mestres deles, os estudantes fizeram questão de frisar os nomes dos professores Betânia Villas Bôas Barreto, Joliane Olschowsky, Nane Albuquerque, Roberto Pazos e Rodrigo Bomfim. Vamos aos detalhes das produções, orgulhosamente apresentadas pelos futuros comunicólogos.
Concorrendo na categoria ficção em vídeo, prêmio para o curta-metragem “Ipupiara: o chamado das águas”, do aluno Florisval Elias Santos Neto, de 24 anos, natural de Serra Grande (distrito de Uruçuca). É um vídeo sobre a lenda do “nego d’água”, mostrado sob uma perspectiva socioambiental. “Eu não consigo mensurar o quão feliz estou por ter levado esse prêmio, foram meses de trabalho, editando, escrevendo e ensaiando pra conseguir levar um pouco da minha comunidade pro Brasil, e deu certo”, celebra o estudante.
No 7º semestre do curso, ele está visivelmente animado com as perspectivas abertas ao colocar em prática o que aprende na estrada da “sétima arte”. “Eu sempre quis ser diretor e o cinema sempre foi uma veia que corria em mim. Esse curta é sobre minha comunidade, e a necessidade de manter viva a tradição do contador de causos; eu fui somente uma célula na construção do ser imenso que é ‘Ipupiara’ e só consigo ser grato a todas as outras células que se juntaram pra que todo esse sonho pudesse se realizar”, declara, grato, citando professores e amigos.
Relação homem-esporte
Lumma Maynart, natural de Camamu, tem 23 anos, e está prestes a colar grau na faculdade. Venceu com o vídeo “Um Ser no Mundo”, na categoria Programa Laboratorial de TV (disponível no Youtube pelo link <https://www.youtube.com/watch?v=BtcLuA464jM>). O trabalho feito em equipe, juntamente com Thyago Almeida, Thiago Fontes, Antônio Mota e Flor Lima, aborda a relação entre o jovem e o esporte, na perspectiva do profissional de educação física como agente principal.
“Desmistifica a ideia do esporte como transformador social por si só e busca demonstrar que a maneira como o esporte é formatado é o fator determinante para que ele possa fazer diferença na vida dos seus praticantes, e isso se dá por quem está guiando essa relação, que é justamente o professor”, explica Lumma.
Ela também exibe um olhar de realização diante da conquista. “A sensação de felicidade ao ganhar esse prêmio está justamente atrelada à satisfação em produzir um material socialmente relevante. Além de estarmos sendo recompensados por todo um empenho enorme em equipe, com muita dedicação e amor pelo que estávamos fazendo, que nos rendeu um produto lindo em todos os aspectos possíveis”, arremata.
Nordeste em animação
A categoria Cinema e Audiovisual premiou o filme de animação “O casamento de seu João”, romance que acontece nas festividades juninas do Nordeste. A líder da equipe, Érica Maria Santos da Silva, recebeu o prêmio representando Beatriz Souza, Carolina Olídia, Dayanna Monstans de França, Flor Lima, Michele Dias e Thaís Santana. O produto usou a técnica Stop Motion (sequência de fotografias em movimento), para “ressaltar e valorizar a riqueza da cultura nordestina e suas tradições”.
“Produzir esta animação foi um processo desafiador porque nunca tínhamos trabalhado com a técnica de Stop Motion, mas foi realizado com muita dedicação e carinho por uma equipe talentosíssima e o prêmio é o resultado do esforço coletivo. Receber essa conquista é uma sensação de gratidão, felicidade imensa e missão cumprida”, avalia Érica.
Voz das Minas
Também vencedora com o documentário “A voz das minas”, na categoria cinema e audiovisual, Dayanna fala da importância de ver premiado o rap feminino no sul da Bahia. “A ideia central é dar um recorte sobre as mulheres que têm encontrado na palavra e na escrita um novo espaço político de levar mensagem para outras tantas mulheres”, resume.
Veemente ativista da causa, já no último semestre do curso (8º), ela analisa: “O espaço público, historicamente dado aos homens, fez com que por muito tempo o corpo e a voz da mulher periférica, sobretudo a mulher negra, tenham sido silenciados. Trazer a mensagem de resistência que essas mulheres lutam diariamente é a principal força do documentário”.